Capa polêmica da "Placar" traz Neymar crucificadoA edição da tradicional revista "Placar" da Editora Abril deste mês só estará disponível nas bancas nesta sexta-feira. No entanto, ela já tem provocado muita discussão. De gosto duvidoso e claramente feita para levantar polêmicas, a capa da revista tem deixado muita gente revoltada. Seja pela alusão a um dos maiores símbolos do cristianismo ou pela defesa clara ao atleta do Santos e da seleção brasileira.
Para o bem e para o mal, a escolha da capa da revista retrata o ponto de vista de boa parte dos torcedores brasileiros e da imprensa especializada. A manchete "A Crucificação de Neymar" é explícita. E muita gente realmente acredita que o Menino da Vila é bode expiatório para os males do futebol brasileiro. Uma grande bobagem. A rejeição de parte dos brasileiros ao craque santista é espontânea. Vem da arquibancada.
A vaia que ele recebeu no Morumbi na última passagem pela seleção por São Paulo, por exemplo, não foi orquestrada por ninguém. Nasceu simplesmente da insatisfação das pessoas que pagaram para assistir o fraco futebol exibido pela equipe de Mano Menezes. E a legitimidade da opinião dos detratores de Neymar não é aceita por seu numeroso grupo de fãs.
A verdade é que apesar de ser indubitavelmente um craque de bola, Neymar ainda divide opiniões. E diante do fraco nível técnico do nosso futebol e do aparato do marketing por trás dele isso é muito natural.
Neymar é fruto da completa profissionalização do futebol e da transformação do esporte em mero produto de consumo de massas. O atleta é encarado apenas como mais uma celebridade do que qualquer outra coisa. Alvo de idolatria e da histeria de jovens e adultos. O que não falta a ele é gente disposta a defendê-lo com unhas e dentes. Seja na arquibancada ou seja na imprensa.
É normal escutar ou ler em jornais e revistas que Neymar precisa ser tratado com carinho e até mais protegido pela arbitragem. Como se o seu talento para jogar futebol fosse algo a ser preservado. Como se ele fosse um ser especial digno de privilégios. E isso é algo inédito no futebol brasileiro. Não me recordo de ver tanto clamor em torno de um craque.
E esse fenômeno é digno de nota. Afinal, o olhar crítico —muitas vezes até maldoso—de nosso povo para o futebol chega a ser quase cultural. Cito como exemplo Ronaldo. Eleito três vezes melhor jogador do mundo e pentacampeão pela seleção, o ex-atleta nunca teve tantos defensores na mídia. Pelo contrário, muitas vezes foi desacreditado e no final de sua carreira foi objeto de escárnio de muita gente que não cansa de incensar a 'joia santista'.
Ronaldo é alvo de piada até hoje por conta da sua tentativa de perder peso em um programa dominical da Rede Globo. Neymar é o principal jogador do Brasil atualmente, mas ainda tem uma longa estrada a percorrer para ostentar um currículo como o de Ronaldo. Por enquanto, ele leva imensa vantagem no quesito 'ser paparicado pela imprensa e pela torcida'.
Cai-cai ou craque?
Essa pergunta pode até ser difícil para quem ama ou odeia Neymar. Mas sua resposta é bem simples: ele é um talento nato, mas também é cai-cai. A qualidade de seu futebol é algo que só um cego não poderia enxergar. Assim como seu hobby de cavar faltas e cartões para adversários também.
A brigada de defensores de Neymar ganhou mais um trunfo ao seu favor. Na noite desta quarta-feira o atacante novamente carregou o time do Santos nas costas. Com uma atuação brilhante do craque o Peixe bateu a La U e conquistou a Recopa.
Neymar é realmente a grande esperança do futebol brasileiro para 2014. Só que também é um jovem mimado por todos os lados. Alguém que ainda tem muito que evoluir. Sua trajetória no esporte pode ser ainda mais gloriosa e depende exclusivamente do seu amadurecimento e suas atuações pela seleção brasileira. No Santos ele já conquistou (por merecimento) um lugar cativo entre os grandes da história do time.
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